Considerações acerca das Empresas Simples de Crédito – ESC
Três anos da Lei Complementar 167
Três anos da Lei Complementar 167
No mês de abril comemoramos três anos da Lei Complementar 167, que criou as Empresas Simples de Crédito, ESC´s.
Num grande esforço conjunto entre órgãos representativos do fomento comercial, agentes políticos e Banco Central do Brasil, criou-se mais uma alternativa empresarial para descentralizar o sistema financeiro e permitir aos microempresários maior acesso ao crédito.
Confesso que não sou fã da LC 167, visto que parece ter havido "dedo de banqueiro" em sua redação final, dada a quantidade de restrições operacionais absolutamente sem sentido.
Proteger a poupança pública, na minha opinião, deveria ser a única preocupação do legislador, e isso já se faz com o impedimento da captação de recursos para a geração de operações ativas. Tal procedimento já é claramente contemplado na redação da LC 167.
Mas assuntos de conotação política estão totalmente fora do escopo deste colunista, portanto, vamos falar dos aspectos creditícios das ESC´s.
Muitos interessados no setor têm visão equivocada do que seja emprestar dinheiro a um público tão peculiar.
Entendo ser importante que se esclareça sobre algumas características dos potenciais tomadores das ESC´s.
Falo com conhecimento de causa, trabalhando no fomento comercial por mais de vinte e seis anos, onde a quase totalidade dos clientes tem o mesmo perfil.
Várias são as questões "desestimulantes" à concessão de crédito para o público-alvo das ESC´s, mas gostaria de apontar as três que mais exercem influência negativa:
1)Indistinção entre pessoa física do proprietário e a pessoa jurídica, inclusive em registros contábeis;
2)Registros contábeis e financeiros pouco adequados ou inexistentes;
3)Estratégias e tomadas de decisão 100% intuitivas;
O público-alvo das ESC's tem características, em sua grande maioria, desestimulantes à concessão de crédito (não é de se admirar a rejeição natural do sistema financeiro privado).
Diante disso, é imperativo que a ESC estabeleça processos adequados, e formule políticas de crédito com foco em critérios bem estruturados e, preferencialmente, conservadores.
Não podemos abrir mão da análise de crédito e acompanhamento personalizado dos clientes, visto que teremos dificuldades em mensurar aspectos técnicos com a precisão que gostaríamos, mesmo com ferramentas avançadas de análise.
Se bem planejada, a ESC pode render bons frutos aos empreendedores do setor.
Boa sorte.